9 Exemplos de Carta Aberta – Carta Formal e Persuasiva
Uma carta aberta é feita para externar um problema, informar, instruir ou entreter o público em geral com um assunto de interesse coletivo. A carta aberta também ganhou uma releitura poética com as cartas abertas para o namorado, filhos, melhor amiga e até para si mesmo, publicadas geralmente, em redes sociais, como uma forma de declaração de sentimentos.
O que é uma carta aberta?
A carta aberta ou texto epistolar, como também é nomeado, é um gênero textual argumentativo da língua portuguesa que trata de assuntos coletivos, buscando externar problemas e reivindicar soluções, informar, alertar, conscientizar, instruir ou entreter a população em geral.
Ela tem linguagem formal e um estilo persuasivo, quando a intenção é convencer o leitor, levá-lo a concordar com as ideias expostas, mas também pode incluir um conteúdo descritivo ou, mesmo, conter instruções, pois é possível expor o problema e sugerir soluções no mesmo documento.
O diálogo estabelecido, já que se trata de um gênero textual dialógico, inclui como interlocutores as comunidades, governo, sindicatos e representações, mas o destinatário também pode ser específico a uma só pessoa, embora divulgada de forma geral.
Estrutura da carta aberta
A estrutura de uma carta aberta é muito semelhante à de uma carta pessoal. Ela deve ter:
- Data e local (também podem ser colocados junto à assinatura);
- Título: onde o destinatário já é designado;
- Introdução: onde o emissor expõe o problema, a mensagem, os fatos ou a história de forma atrativa, fazendo uma síntese do assunto;
- Desenvolvimento (discussão): onde o emissor analisa o problema e fundamenta seus argumentos com o seu ponto de vista. Importante ressaltar que os verbos devem ser empregados na primeira pessoa do singular do plural;
- Conclusão: onde o discurso é encerrado, podendo conter uma sugestão de solução para o problema exposto.
- Despedida (se preferir);
- Assinatura.
A carta aberta pode conter, em sua discussão, justificativa de autoridade com a devida fonte. Importante fazer, também, uma pergunta retórica para incitar uma reflexão acerca do tema e antecipar os argumentos do interlocutor.
Exemplos de carta aberta
Confira 6 exemplos de carta aberta – modelos prontos que vão te ajudar a estruturar a sua carta aberta de maneira coerente.
1. Carta aberta à Secretaria Municipal
CARTA ABERTA DE MÉDICAS E MÉDICOS DA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE DO RIO DE JANEIRO
Frente ao avanço da pandemia no Brasil imposto pela variante Ômicron, as unidades da Atenção Primária à Saúde (APS) do município do Rio de Janeiro tem tido suas condições de trabalho ainda mais agravadas com sobrecarga dos serviços, adoecimento físico e psíquico de profissionais e ausência de diálogo por parte da gestão municipal.
De maneira diferente das variantes anteriores, a atual foi responsável pela explosão de casos de covid-19 no Rio de Janeiro de forma muito acelerada, com aumento de mais de 6000% dos casos confirmados entre a última semana de 2021 e a primeira semana de 2022.
Este cenário veio agravar a sobrecarga dos serviços de APS, que durante quase dois anos tiveram de se readaptar ao surgimento da nova pandemia, ao aumento de casos com necessidade de intervenções médicas avançadas nas unidades, à vacinação em massa da população, a mudanças dos contratos de gestão e ao surto de influenza do final de 2021 com pouco apoio adicional das gestões.
[…]
Sendo assim, frente ao cenário de avanço ainda sem previsão de diminuição dos casos por variante Ômicron e do adoecimento das trabalhadoras e trabalhadores, com a iminente e necessária campanha de vacinação de crianças contra covid-19, enquanto trabalhadoras e trabalhadores da APS do Rio de Janeiro, exigimos que sejam implantadas novas estratégias de testagem e atendimento que visem reduzir a sobrecarga e o adoecimento de profissionais de saúde e o estabelecimento de diálogo institucional e permanente entre a gestão municipal e as trabalhadoras e trabalhadores.
Médicas e médicos da APS do Rio de Janeiro e entidades solidárias a suas demandas
Rio de Janeiro, 14 de Janeiro de 2022
2. Carta aberta de um escritor
Cartas de amor aos livros
O livro no Brasil vive seus dias mais difíceis. Nas últimas semanas, as duas principais cadeias de lojas do país entraram em recuperação judicial, deixando um passivo enorme de pagamentos em suspenso. Mesmo com medidas sérias de gestão, elas podem ter dificuldades consideráveis de solução a médio prazo. O efeito cascata dessa crise é ainda incalculável, mas já assustador. O que acontece por aqui vai na maré contrária do mundo. Ninguém mais precisa salvar os livros de seu apocalipse, como se pensava em passado recente. O livro é a única mídia que resistiu globalmente a um processo de disrupção grave. Mas no Brasil de hoje a história é outra. Muitas cidades brasileiras ficarão sem livrarias e as editoras terão dificuldades de escoar seus livros e de fazer frente a um significativo prejuízo acumulado.
As editoras já vêm diminuindo o número de livros lançados, deixando autores de venda mais lenta fora de seus planos imediatos, demitindo funcionários em todas as áreas. Com a recuperação judicial da Cultura e da Saraiva, dezenas de lojas foram fechadas, centenas de livreiros foram despedidos, e as editoras ficaram sem 40% ou mais dos seus recebimentos — gerando um rombo que oferece riscos graves para o mercado editorial no Brasil.
Na Companhia das Letras sentimos tudo isto na pele, já que as maiores editoras são, naturalmente, as grandes credoras das livrarias, e, nesse sentido, foram muito prejudicadas financeiramente. Mas temos como superar a crise: os sócios dessas editoras têm capacidade financeira pessoal de investir em suas empresas, e muitos de nós não só queremos salvar nossos empreendimentos como somos também idealistas e, mais que tudo, guardamos profundo senso de proteção para com nossos autores e leitores.
Passei por um dos piores momentos da minha vida pessoal e profissional quando, pela primeira vez em 32 anos, tive que demitir seis funcionários que faziam parte da Companhia há tempos e contribuíam com sua energia para o que construímos no nosso dia a dia. A editora que sempre foi capaz de entender as pessoas em sua diversidade, olhar para o melhor em cada um e apostar mais no sentimento de harmonia comum que na mensuração da produtividade individual, teve que medir de maneira diversa seus custos, ou simplesmente cortar despesas. Numa reunião para prestar esclarecimentos sobre aquele triste e inédito acontecimento, uma funcionária me perguntou se as demissões se limitariam àquelas seis. Com sinceridade e a voz embargada, disse que não tinha como garantir.
Sem querer julgar publicamente erros de terceiros, mas disposto a uma honesta autocrítica da categoria em geral, escrevo mais esta carta aberta para pedir que todos nós, editores, livreiros e autores, procuremos soluções criativas e idealistas neste momento. As redes de solidariedade que se formaram, de lado a lado, durante a campanha eleitoral talvez sejam um bom exemplo do que se pode fazer pelo livro hoje. Cartas, zaps, e-mails, posts nas mídias sociais e vídeos, feitos de coração aberto, nos quais a sinceridade prevaleça, buscando apoiar os parceiros do livro, com especial atenção a seus protagonistas mais frágeis, são mais que bem-vindos: são necessários. O que precisamos agora, entre outras coisas, é de cartas de amor aos livros.
Aos que, como eu, têm no afeto aos livros sua razão de viver, peço que espalhem mensagens; que espalhem o desejo de comprar livros neste final de ano, livros dos seus autores preferidos, de novos escritores que queiram descobrir, livros comprados em livrarias que sobrevivem heroicamente à crise, cumprindo com seus compromissos, e também nas livrarias que estão em dificuldades, mas que precisam de nossa ajuda para se reerguer. Divulguem livros com especialíssima atenção ao editor pequeno que precisa da venda imediata para continuar existindo, pensem no editor humanista que defende a diversidade, não só entre raças, gêneros, credos e ideais, mas também a diversidade entre os livros de ambição comercial discreta e os de ambição de venda mais ampla. Todos os tipos de livro precisam sobreviver. Pensem em como será nossa vida sem os livros minoritários, não só no número de exemplares, mas nas causas que defendem, tão importantes quanto os de larga divulgação. Pensem nos editores que, com poucos recursos, continuam neste ramo que exige tanto de nós e que podem não estar conosco em breve. Cada editora e livraria que fechar suas portas fechará múltiplas outras em nossa vida intelectual e afetiva.
Presentear com livros hoje representa não só a valorização de um instrumento fundamental da sociedade para lutar por um mundo mais justo como a sobrevivência de um pequeno editor ou o emprego de um bom funcionário em uma editora de porte maior; representa uma grande ajuda à continuidade de muitas livrarias e um pequeno ato de amor a quem tanto nos deu, desde cedo: o livro.
Luiz Schwarcz
3. Carta aberta aos dentistas
Carta Aberta dos Dentistas
A Categoria Odontológica com o apoio das entidades de classe CRO/PR, ABO/PR, SOEPAR e SISMUC, vem por meio desta demonstrar a indignação dos profissionais Cirurgiões-Dentistas da rede municipal de Saúde de Curitiba sobre o pronunciamento do Poder Público Municipal no Teatro Guaíra na data de 24 de maio do corrente ano, tratando do plano de cargos e salários a determinadas categorias.
A exclusão dos Cirurgiões-Dentistas do quadro de contemplação salarial causou perplexidade, visto que a Odontologia é uma profissão de alta complexidade, com grande relevância social. O salário base atual do Cirurgião-Dentista da Prefeitura Municipal de Curitiba está equiparado ao de categorias de nível médio, sendo isto no mínimo um contrassenso.
Num período em que se percebem iniciativas pioneiras do governo federal de investimentos em saúde bucal de qualidade, que deve ampliar o acesso à saúde bucal para todos os brasileiros, entendendo sua importância como mais um fator de inclusão social, e qualidade de vida dos cidadãos, vem o município de Curitiba na contramão desta tendência, condenando a categoria Odontológica a uma condição de desvalorização.
O trabalho do Cirurgião-Dentista envolve entre outros aspectos um alto nível de estresse e de insalubridade, possíveis danos físicos ao longo do tempo, o embate direto com doenças infecto-contagiosas de alta prevalência e a imprevisibilidade das respostas biológicas frente a procedimentos terapêutico-cirúrgicos. Diante do exposto aguardamos posicionamento do Poder Público Municipal do motivo desta discriminação de nossa categoria. Aguardamos as devidas providências de reparo desta situação. A famosa Cidade Sorriso pode perder seu título!
Cordialmente,
Guilherme Carvalho.
4. Carta Aberta à Secretaria de Agricultura
Carta Aberta à Secretaria de Agricultura do Estado do Ceará
A comunidade agrícola de Barreirinha vem a público demonstrar sua indignação diante da falta de compromisso da Secretaria de Agricultura em não pôr em prática o que ficou acordado entre os agricultores e a diretoria desta secretaria. Os recursos financeiros para a aquisição de maquinaria e o incentivo à produção de mamona não são suficientes para os agricultores assegurarem a produção.
Na reunião, datada de 20/06/2007, ficou a Secretaria disponível a liberar para a comunidade a quantia de 2 milhões de reais. O presidente da comunidade, ao verificar o repasse, achou por bem convocar-nos e apresentar o valor disponibilizado, em torno de 800 mil reais. Todos os membros concordaram em não fazer uso do valor, o qual foi bem inferior ao combinado.
No nosso entendimento, ao usarmos a quantia, não mais teríamos argumentos para reivindicar outros valores. Acreditamos que o ideal seja a devolução da verba, pois não atende às nossas necessidades.
Além disso, o objetivo da comunidade é produzir de forma significativa. Queremos exportar mamona. Não nos cabe uma produção apenas para manter a comunidade e a família de cada agricultor. A Secretaria está ciente disso. O Estado não pode se omitir a tal investimento, considerado mínimo por nós, no entanto muito significativo para o desenvolvimento do Ceará.
Esperamos que a Secretaria repense a nossa proposta, compreenda a nossa atitude e possa realmente garantir o seu papel social. O que queremos é, tão somente, o cumprimento do acordo.
Atenciosamente,
Comunidade agrícola de Barreirinha
Fortaleza, 4 de janeiro de 2012.
5. Carta aberta à Prefeitura
CARTA ABERTA À PREFEITURA DE SÃO PAULO E À SECRETARIA DE TRANSPORTE
Venho manifestar minha profunda insatisfação e indignação com a notícia do aumento da passagem em nossa cidade. A despeito da rotineira mudança de preço, ocorrida anualmente, é inaceitável que o trabalhador gaste tamanho valor para acessar o transporte público.
Como dito já de início, é sabido que a atualização do preço ocorre anualmente, entretanto, diante das atuais condições do transporte público da capital e da renda média recebida pelos trabalhadores, é um assalto que o preço chegue a esse valor, sem apresentar por outro lado alguma melhoria significativa.
Ignorando a condição do preço, é preciso questionar, por que não criar maneiras de reutilizar os cartões de transporte, seja aumentando o tempo hábil de integração ou a quantidade de uso para uma mesma passagem.
Além disso, é necessário urgentemente apresentar à sociedade quais são os gastos com o transporte que justifiquem tão alto valor, afinal, além da passagem paga diariamente, contribuímos enquanto cidadãos através de nossos impostos, sendo assim, temos direito de acessar tais informações.
Tenho certeza que, diante da manifestação pública desta indignação, os responsáveis tomarão providências para melhorar esta situação.
Atenciosamente,
Marília Cecília,
Salvador, 24 de Janeiro de 2023.
6. Carta aberta sobre problemas sociais
CARTA ABERTA SOBRE A VIOLÊNCIA CONTRA MULHER
3 em cada 5 mulheres jovens já sofreram violência em relacionamentos, aponta pesquisa realizada pelo Instituto Avon em parceria com o Data Popular (nov/2014). A violência contra a mulher é fruto de uma evolução histórica, às vezes praticada por alguém do seu âmbito familiar, sendo um trágico quadro atual que ocorre na sociedade devido à falta de informação e a conceitos socioculturais ainda enraizados.
Vivemos em uma época em que as mulheres já obtiveram muitas conquistas, tendo conseguido proteções em garantia do seu gênero, proteções essas vindas de grandes batalhas para o combater e acabar com violência contra a mulher, dentre elas a lei Maria da Penha, que ganhou esse nome em homenagem à Maria da Penha Maia Fernandes, que por vinte anos lutou para ver seu agressor preso.
Segundo essa lei, violência doméstica e familiar contra a mulher é qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial (art. 5º). “A Justiça tem um papel importantíssimo, mas não dá conta de resolver um problema social sozinha”, diz a promotora Silvia Chakian, do Grupo de Atuação Especial de Enfrentamento à Violência Doméstica (GEVID) do Ministério Público de São Paulo”. Segundo Silvia, sobre a lei Maria da Penha pesa uma bagagem cultural acumulada ao longo de vários séculos, predominantemente patriarcal e machista, que dá aos homens uma pretensão de autoridade sobre as mulheres.
Mesmo com todo o avanço do acesso à informação nos últimos anos, ainda existe uma desigualdade muito grande de gênero, e a mulher não conseguiu ainda conquistar o espaço desejado dentro da sociedade, devido ao machismo e patriarcado muito forte e que precisam ser combatidos E isso deve ser falado dentro das escolas, dentro das instituições de ensino e, principalmente, dentro da sociedade.
Para poder combater esse problema, temos que começar pela base da educação. Algumas crianças ainda são educadas de forma a reforçar estereótipos machistas e acabam, no futuro, tornando-se adultos também machistas. Não quero dizer que isso só deve ser aplicado em escolas, porque não faz parte só da escola a responsabilidade de formar o caráter das crianças, mas, principalmente, da família. A partir do momento em que, desde cedo, os pais começarem a educar seus filhos com o argumento de direitos iguais entre homem e mulher, a gente conseguirá combater isso com o tempo, já que é uma coisa que precisa ser feita a longo prazo. A curto prazo, a gente pode tomar outras medidas, inclusive a gente já tem algumas que são usadas, como a lei Maria da Penha.
A violência contra a mulher precisa acabar!
Mariana Dutra
7. Carta aberta sobre Bullying e saúde mental
Carta aberta a mães e pais: saúde mental e bullying nas escolas
Nesta segunda-feira, 11 de agosto, na cidade de São Paulo, familiares e amigos de Pedro foram lançados em uma estrada de terrível dor ao se darem conta de que o filho, o sobrinho, o colega de turma não faria mais parte de suas vidas. Pedro se foi de maneira trágica aos 14 anos de idade.
Não houve tempo de socorrê-lo, de fazê-lo acreditar que o futuro seria possível. Que dias melhores viriam.
Ele se foi, vítima de um sofrimento que não conseguimos medir e nem imaginar, embora algumas vezes nos assustemos ao vislumbrar essa sombra escura no coração de muitos de nossos filhos.
Pedro era um aluno brilhante, mas sofreu no colégio por ser gay, negro e pobre – nesta ordem, segundo o depoimento de amigos.
Mães, pais e educadores que somos, conhecemos muitas vítimas da perseguição de valentões. Crianças e adolescentes difamados, achincalhados, humilhados e agredidos nos corredores, nos banheiros, na saída da escola. Ridicularizados. Diminuídos.
O bullying não é a única causa do suicídio entre adolescentes, mas é um fator importante – não, não existem respostas fáceis para uma estratégia de proteção da saúde mental na infância e na adolescência. É por essa razão que nós, como sociedade, temos o dever de aprofundar o debate sobre o assunto. Fazer das escolas um veículo para disseminar – e não para interditar – o conhecimento sobre as causas do bullying e do sofrimento psíquico dos alunos.
Já fomos adolescentes. Identificamos os mais vulneráveis desde sempre. Aqueles que fogem do modelo valorizado socialmente: os de corpos incomuns, as pessoas negras, neurodivergentes, LGBTQIA+, pobres. Sabemos que, nessa idade, o apoio do grupo é de vital importância para a autoaceitação. Sabemos também que adolescentes que não são fortalecidos em casa têm mais dificuldade em superar os problemas no convívio com os pares.
Sabemos muito, mas continuamos a perder vidas.
E vidas precisam ser salvas.
Precisamos criar filhos que entendam o valor delas. Filhos que não se divirtam com a crueldade. Que não sejam aplaudidos em casa por serem aqueles que batem, que não apanham.
Precisamos também criar espaços amorosos nas nossas casas, para acolher aqueles filhos que são excluídos fora dela.
Nós, Mães pela Diversidade, mães de muitos filhos que sofrem bullying simplesmente por sua orientação sexual e identidade de gênero, queremos dizer à mãe, aos familiares e amigos de Pedro que estamos com eles em sua dor.
A todos os outros pais, mães e familiares, educadores e movimentos em prol da paz e respeito à diversidade nas escolas, fazemos um apelo: vamos nos esforçar mais. Nossas filhas, filhos, filhes têm direito a viver o futuro.”
Maju Giorgi, presidente da ONG Mães pela Diversidade, representando mais de 2 mil famílias brasileiras.
8. Carta aberta sobre Mobilidade
Carta aberta por mobilidade ativa e inclusiva
O Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo (IEA-USP), a partir do seminário “Mobilidade Ativa e Inclusiva: Construindo Pontes com a Sociedade – Uma Homenagem à Marina Harkot”, realizado em 21 de novembro de 2020 em parceria com a Pró-Reitoria de Pós-Graduação e a Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, ambas da Universidade de São Paulo, expressa a sua proposição para valorizar a mobilidade ativa e inclusiva nas cidades brasileiras, em particular em São Paulo.
Calçadas mais seguras são o antídoto para atropelamentos e quedas de idosos, além de permitirem a circulação de pessoas com mais restrições de mobilidade como cadeirantes. Sinalização semafórica, calçadas seguras, iluminação pública, estabelecimento de limites de velocidade mais seguros e construção de vias adequadas para bicicletas promovem importante redução de acidentes, incapacidades e mortes, bem como podem atrair mais pessoas para a mobilidade ativa, para andar a pé ou de bicicleta.
1. Os problemas de mobilidade urbana hoje apresentados por São Paulo foram, em grande parte, gerados por políticas voltadas para a mobilidade motorizada individual. Distorções de investimento públicos, acumuladas ao longo de décadas, resultaram em incentivos excessivos ao uso do automóvel. É premente o redirecionamento dos recursos para o transporte coletivo e a mobilidade ativa, acompanhado de campanhas públicas para esclarecer a importância da mobilidade ativa.
2. As calçadas de São Paulo são um problema de saúde pública, que reflete também a desigualdade da cidade. A qualidade das calçadas decresce em direção à periferia, a ponto de se tornarem inexistentes. O asfalto viário tem recebido historicamente muito mais atenção do que as calçadas correspondentes nas mesmas vias. Particularmente, as calçadas que levam a escolas, postos de saúde e hospitais públicos, bem como a implementação do acesso compartilhado de cadeiras de rodas e outras formas de locomoção local, devem ser consideradas nestes pontos críticos para onde afluem muitas pessoas, dentre elas as mais vulneráveis. Tratar pedestres como cidadãos de menor valor contraria princípios básicos da dignidade humana. É imperativo que se estabeleça um cronograma de curto e médio prazos para a recuperação das calçadas e sua manutenção, incluindo mecanismos de incentivo.
3. Os princípios que regulam o fluxo de veículos contrariam o próprio Código de Trânsito vigente no País. No Código, é estabelecido que as prioridades no trânsito são, em ordem decrescente, o pedestre, a bicicleta, o transporte coletivo, o transporte de cargas e, finalmente, os automóveis. Na prática, a mais populosa cidade do país inverteu essa sequência ao longo da sua história. Isso é atestado pelo tempo exíguo semafórico das faixas de pedestre, pela má qualidade das calçadas, pela baixa segurança dos ciclistas e pela desigualdade da qualidade do transporte público. Adotar práticas efetivas de proteção e equidade para a mobilidade das pessoas e para os modais mais vulneráveis devem ser objeto de uma política consistente e de longo prazo.
9. Carta aberta sobre Educação
Por Maria da Penha Fonseca, coordenadora do curso de Pedagogia da Faculdade Novo Milênio
Olá! Quero abordar uma temática muito presente em nossa vida, uma vez que estamos falando de um espaço de educação em ensino superior e hoje, 28 de abril, comemora-se o Dia Mundial da Educação, data instituída durante o Fórum Mundial da Educação, realizado em 2000, em Senegal, África, com a participação de 164 países.
Desejamos, aqui, resgatar um pouco de memória e fazer referência ao modo como a educação teve que se reinventar no decorrer deste último ano. Sim, há um ano e um mês, mudamos de aulas presenciais para o remoto. Ou seja, o que era real passou a ser virtual. E, neste contexto, professores, alunos, familiares e instituições tiveram que se reinventar, descobrir novas formas de ensinar, aprender e ensinar.
Nesta trajetória, passamos a exercer a educação numa perspectiva de trocas de conhecimentos, de uma forma muito mais ativa do que anteriormente. Aprendemos juntos, realizamos momentos que antes não seriam possíveis, com lives que, apesar das distâncias territoriais, no virtual tornaram-se reais.
O caminho tem sido longo, difícil, desafiador, mas conseguimos fazer o que foi e é possível e, com o apoio de vocês, professores e alunos, conseguimos muito.
Reconhecemos o quanto o contexto da pandemia adicionou novas camadas de dificuldades à missão da educação. Mas, apesar dos muitos desafios já enfrentados e pelos que ainda teremos pela frente, estamos no caminho certo e precisamos acreditar que, com mais valorização, a educação pode transformar a nossa sociedade.
E, nesta semana especial, agradecemos aos professores da Faculdade Novo Milênio que, desde março de 2020, acreditaram na proposta e/ou alternativa do que, a princípio, pensávamos ser provisoriamente possível de garantir a continuidade por meio das aulas remotas, mas, que no decorrer dos meses, tem-se tornado o novo meio de se fazer educação.
Muito obrigado!