5 Exemplos de Artigo de Opinião – O que é, Características e Estrutura

Você já escreveu um artigo de opinião? Sabe o que é e quais são as suas características? Esse é um texto de caráter argumentativo onde o autor apresenta o seu ponto de vista sobre um determinado tema, veiculados, geralmente, nos meios de comunicação de massa – televisão, rádio, jornais, redes sociais, entre outros.

É um tipo de texto cobrado em provas de vestibular e no ENEM, onde é apresentado, geralmente, um parágrafo único com uma opinião e os alunos precisam escrever, a partir do exposto, um artigo argumentativo-dissertativo sobre o mesmo. Por isso a importância de saber como construir um!

Características do artigo de opinião

  • Título convidativo, polêmicos e provocativos com o objetivo de convencer o leitor a ler o texto;
  • Abordagem de temas da atualidade;
  • Linguagem culta padrão;
  • Linguagem simples, direta, objetiva e subjetiva;
  • Textos escritos em primeira e terceira pessoa;
  • Verbos no presente e no imperativo;
  • Uso da argumentação e persuasão;
  • Assinatura do autor;
  • Veiculação nos meios de comunicação.

Estrutura do artigo de opinião

A estrutura do artigo de opinião geralmente segue o padrão da estrutura dos textos dissertativos-argumentativos, sendo organizado em:

  • Introdução (exposição): contextualização do tema, contextualização histórica. Deve-se convencer o leitor a prosseguir na leitura;
  • Desenvolvimento (interpretação): apresentação dos argumentos; exposição das opiniões e ideias embasadas em fundamentos que a comprovem. Pode-se utilizar da contra-argumentação para antever os pontos sensíveis e derrubá-los de antemão;
  • Conclusão (opinião): apanhado com conclusão do pensamento sobre o assunto, fazendo um link com o parágrafo introdutório para oferecer as soluções para os problemas levantados sobre o tema.

Exemplos de Artigo de Opinião

Confira os exemplos de artigos de opinião prontos abaixo e comece a produzir o seu! Escolha o tema, leia bastante sobre o assunto e busque os argumentos necessários para apoiar a sua opinião!

1. A educação em tempos de Covid-19

Este é um artigo de opinião escrito em 1ª pessoa:

Possivelmente, aqui no Brasil, a melhor solução para os alunos das redes públicas de ensino consistirá no uso de conteúdos transmitidos por meio dos celulares com internet. Exemplo dessa situação vem do estado de São Paulo, no qual a Secretaria de Educação negocia com as operadoras o patrocínio para bancar a conexão de Wi-Fi dos alunos que tenham ao menos um smartphone. Esse período vai exigir dos gestores que pensem fora da caixa.

No meu ponto de vista, essa será oportunidade para repensar o papel da escola e dos pais na vida escolar dos estudantes. Os pais, sobrecarregados pelos diferentes afazeres, estão cada vez mais terceirizando para a escola o seu dever de educar, na contramão do que apregoa o art. 205 da Constituição Federal, que afirma que educar é um dever do Estado e das famílias. Em uma de suas homilias, o papa Francisco afirmou, em tom preocupado: “Chegou a hora de os pais e as mães voltarem do seu exílio e recuperarem a sua função educativa. Oremos para que o Senhor conceda aos pais esta graça: a de não se autoexilarem da educação dos filhos”.

Outro aspecto que podemos tirar como lição: é preciso estudar como usar as novas tecnologias em harmonia com as aulas presenciais e como estabelecer um equilíbrio entre o ensino presencial e o ensino virtual. Hoje enfrentamos em nosso país árdua discussão sobre o uso do ensino mediado por tecnologias. Talvez esse período nos ensine que ambas as modalidades podem conviver em harmonia em prol de um projeto pedagógico que atenda às necessidades de uma educação voltada para o século 21. O não enfrentamento da questão talvez nos remeta à situação atual no que se refere às enormes desigualdades de acesso entre escolas públicas e particulares.

Trecho de artigo de opinião escrito por Mozart Neves Ramos, professor do Instituto de Estudos Avançados da USP-Ribeirão Preto. Publicado no Correio Braziliense, 02/04/2020.

2. Bullying Escolar


Temas de relevância social convidam o leitor a refletir sobre o seu entorno.

Esse tipo de violência tem acontecido muito em ambiente escolar. Há versões modernas como o cyberbullying, que são agressões via internet ou celular. Reprimi-lo, como a escola e a Justiça tentaram fazer, terá pouca chance de provocar uma transformação. Na verdade, a repressão impede uma mudança efetiva.

Apesar desses atos serem frequentes, pouco espaço tem existido nas escolas para reflexão, havendo apenas ações repressivas quando eles vêm à tona. Ora, o ser humano tem um lado agressivo e negá-lo ou colocá-lo no fundo de um poço não impedirá sua manifestação. Pelo contrário, poderá dar-lhe forças.

As ações escolares para combater o bullying devem ser no sentido de preveni-lo, onde mais que seguir uma conduta, o aluno possa dar sentido à ela, considerando a si e ao outro parte do mundo. Quando algo é questionado e pensado, propicia a tomada de consciência de sua dimensão e importância. O outro poderá ser visto como alguém que também tem sentimentos.

Um trabalho nesse sentido deve fazer parte do dia a dia de uma escola e envolver a família dos alunos. Muito do que somos e como nos expressamos tem sua origem lá. É necessário que ambos ajudem os jovens a se construir como pessoas, não só no que aprendem, mas como agem.

Trecho de artigo de opinião escrito por Ana Cássia Maturano, psicóloga e psicopedagoga. Publicado no portal G1 (Educação), 27/05/2010.

3. É preciso reduzir a desigualdade social brasileira

Uma boa argumentação inclui dados e informações que sustentam o ponto de vista adotado, incluindo dados estatísticos.

Os dados da desigualdade no Brasil são de arrepiar. Escolha qualquer indicador, mulheres e negros estão sempre abaixo de homens e brancos. No país, a renda do 1% mais rico é igual à dos 99% restantes. E ricos ficam cada vez mais ricos e pobres mais pobres.

No mundo, há 62 indivíduos com renda somada de US$ 1,7 trilhão, igual ao que ganham os 50% mais pobres do planeta. Mas nós, brasileiros, somos campeões mundiais em desigualdade.

O pior é que a maioria dos pobres no Brasil vive na periferia das cidades. Sonha com melhor emprego, transporte, segurança, saúde e educação. Mas sofre as mazelas do dia a dia. Quem mora na Restinga gasta três horas para ir e voltar do trabalho.

É claro que só sairemos do buraco se enfrentarmos a crise da Previdência, as distorções nas relações de trabalho e se tornarmos a economia mais competitiva. Mas, sem políticas que promovam melhor distribuição de renda e serviços públicos de melhor qualidade, o Brasil nunca avançará. É preciso cuidar dos mais vulneráveis. E isso exige patriotismo. Olhar menos para o próprio umbigo. Aceitar perder privilégios. É a única forma através da qual filhos de quaisquer brasileiros, sobretudo os mais pobres, poderão se tornar, um dia, profissionais mais competitivos. O Brasil está ruim até para os ricos. Muitos mantêm seus negócios aqui, mas a família já foi embora, para fugir da violência. Imagine a vida de quem não tem alternativa a não ser ficar.

Trechos de artigo de opinião escrito por Gilberto Schwartsmann, médico e professor. Publicado em GaúchaZH, 04/01/2019.

4. Educação Reprovada, por Lya Luft

Abaixo, um trecho do artigo de opinião da autora:

Há quem diga que sou otimista demais. Há quem diga que sou pessimista. Talvez eu tente apenas ser uma pessoa observadora habitante deste planeta, deste país. Uma colunista com temas repetidos, ah, sim, os que me impactam mais, os que me preocupam mais, às vezes os que me encantam particularmente. Uma das grandes preocupações de qualquer ser pensante por aqui é a educação. Fala-se muito, grita-se muito, escreve-se, haja teorias e reclamações. Ação? Muito pouca, que eu perceba. Os males foram-se acumulando de tal jeito que é difícil reorganizar o caos.

[…]

De todos os modos facilitamos a vida dos estudantes, deixando-os cada vez mais despreparados para a vida e o mercado de trabalho. Empresas reclamam da dificuldade de encontrar mão de obra qualificada, médicos e advogados quase não sabem escrever, alunos de universidades têm problemas para articular o pensamento, para argumentar, para escrever o que pensam. São, de certa forma, analfabetos. Aliás, o analfabetismo devasta este país. Não é alfabetizado quem sabe assinar o nome, mas quem o sabe assinar embaixo de um texto que leu e entendeu. Portanto, a porcentagem de alfabetizados é incrivelmente baixa.

Agora sai na imprensa um relatório alarmante. Metade das crianças brasileiras na terceira série do elementar não sabe ler nem escrever. Não entende para o que serve a pontuação num texto. Não sabe ler horas e minutos num relógio, não sabe que centímetro é uma medida de comprimento. Quase a metade dos mais adiantados escreve mal, lê mal, quase 60% têm dificuldades graves com números. Grande contingente de jovens chega às universidades sem saber redigir um texto simples, pois não sabem pensar, muito menos expressar-se por escrito. Parafraseando um especialista, estamos produzindo estudantes analfabetos.

[…]

Cansei de falas grandiloquentes sobre educação, enquanto não se faz quase nada. Falar já gastou, já cansou, já desiludiu, já perdeu a graça. Precisamos de atos e fatos, orçamentos em que educação e saúde (para poder ir a escola, prestar atenção, estudar, render e crescer) tenham um peso considerável: fora isso, não haverá solução. A educação brasileira continuará, como agora, escandalosamente reprovada.

Fonte: Veja.

5. A difícil escolha do Novo Ensino Médio, por Eduardo Ramos

Em 2017 entrou em vigor a nova BNCC, documento que rege a educação no Brasil. Diante de uma série de elementos que tratam do protagonismo estudantil, nas mais diversas áreas, o Novo Ensino Médio foi apresentado como uma verdadeira solução para os problemas educacionais brasileiros. No entanto, o que temos, de fato, é uma difícil escolha por parte da sociedade: ingresso à universidade ou dedicação exclusiva ao mercado de trabalho?

No século passado, os estudantes brasileiros se deparavam com duas opções de carreira: a carreira acadêmica, o chamado “científico”, e a carreira profissionalizante, os cursos técnicos. No primeiro grupo, tínhamos aqueles interessados em cursos universitários como Medicina e Direito. No segundo, a opção por cursos como o Magistério e a Contabilidade. Em 1996, o governo percebeu que essa escolha nada mais era que uma forma de segmentação de classes.

Em outras palavras, as camadas populares eram direcionadas para os cursos de formação rápida e dedicadas ao mercado de trabalho e com remuneração mais baixa. Por outro lado, as camadas mais altas da sociedade concediam tempo e paciência para que os seus filhos pudessem aderir ao ensino superior. A medida, considerada antiquada, foi revista e optou-se por investir na democratização do acesso às universidades.

No entanto, em 2017, demos alguns passos para trás. O Novo Ensino Médio retoma a antiga escolha do século passado. Qual caminho seguir? A formação técnica ou acadêmica? A nova matriz curricular não possibilita as duas opções e, mesmo que a fizesse, não conseguiria atender tantas demandas distintas. A difícil escolha do nosso presente não é novidade e remete aos problemas antigos da educação brasileira.

Eduardo Ramos, professor da rede pública


2024.10.07